Professora Ingrid 2010

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Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brazil
Magistério com habilitação em Séries Iniciais e Pré-escola (SP), Pedagogia e Psicologia da Educação (FURG), Pós-graduanda em Psicopedagogia, Mestra em Educação Ambiental com abordagem na Cultura Afro-brasileira e Artes (FURG) e ex-graduanda do Curso de Letras- Português (FURG). Estudei piano e teoria musical na Conservatório de Música do Rio de janeiro e Rio Grande. Aprendi instrumento de sopro/metal e flauta doce. Funcionária Pública Estadual e Municipal com experiência em Gestão Escolar, Supervisão Escolar, Docência, Educação Especial e EJA. Experiência no setor privado como Bancária e Secretária. Realização de projetos, como: Coral de adultos e infanto Juvenil; confecção de artesanato em geral;Coordenadora de acampamentos para crianças e jovens, adultos e idosos; recreação para crianças, jovens, adultos e idosos; música; dança;projetos sociais; palestras com diversos temas apresentados em vários Estados Brasileiros, América Latina e na Europa/Alemanha;Apresentadora de Programa de Rádio.Assessora Pedagógica das Relações Étnico-Raciais SMED/Rio Grande-RS.

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domingo, 13 de junho de 2010

Trabalho Apresentado no Curso de Pós-Graduação de Psicopedagogia Clínica e Institucional

Psicopedagogia institucional e oficinas psicopedagógicas: uma parceria possível para o processo de ensinar e aprender

Ingrid Oliveira Santos Costa


RESUMO

Este trabalho discute a importante atuação psicopedagógica institucional na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Discorre a respeito das características dos alunos da EJA, das dificuldades que a escola enfrenta para realizar o seu trabalho nesse segmento especificamente, diante da problemática da evasão escolar. Propõe que o trabalho psicopedagógico institucional se volte para o desvelamento das situações de conflito que caracterizam a relação pedagógica, bem como para a implementação de uma ação positiva em parceria com o trabalho desenvolvido nas oficinas psicopedagógicas procurando atender as necessidades apresentadas pela instituição.

Palavras-chave: Educação de jovens e adultos; psicopedagogia institucional; oficinas psicopedagógicas; evasão escolar.

INTRODUÇÃO

Sabe-se, nos dias de hoje, que a psicopedagogia tem desenvolvido seus estudos a fim de compreender o processo de aquisição do conhecimento pelo ser humano aprimorando seus instrumentos e embasando a sua prática com conceitos teóricos.

Bossa (2000), conceitua o termo psicopedagogia como um campo de investigação do ato de aprender e como um saber científico. Considera que esta área vem criando um corpo teórico próprio, sistematizando instrumentos capazes de dar conta de suas investigações, não se propondo a especializar um profissional dando a ele parte do que lhe falta, mas fornecendo-lhe um novo olhar para caminhos percorridos. E é desse olhar que o psicopedagogo tem, que ele deve intervir no processo de ensinar e aprender, tornando-se possível uma riquíssima parceria entre a psicopedagogia institucional e as oficinas psicopedagógicas, porque é por meio delas que os envolvidos podem experimentar, criar, produzir, sentir, pensar, inventar, refazer, errar, corrigir, aprender, repensar, reinventar e ensinar.

A problemática apresentada pela Instituição J. P. A., no município de Rodrigues de Freitas, atende a modalidade de Educação de Jovens e Adultos / EJA e em nossa visita ao estabelecimento para desenvolver nosso estágio institucional, a Coordenadora Pedagógica nos relatou que a maior dificuldade que a escola está enfrentando no momento é a Evasão Escolar nesta modalidade, pois tem atingido um percentual de 39% ao final do primeiro semestre. A situação preocupa muito a equipe gestora, envolvendo os docentes e discentes, pois estão cientes que se este índice tão grande de evasão continuar, a modalidade de Educação de Jovens e Adultos, não será mais oferecida para a comunidade. Com isso os alunos do próprio bairro serão transferidos para outra instituição, certamente uma que tenha níveis de frequência mais significativa. Diante disso, investigaremos qual o motivo ou o obstáculo que está levando os alunos(as) a se evadirem da escola e com isso gerando um índice tão grande de evasão.

As causas podem ser as mais variadas que levam o aluno a deixar de estudar, como:

A necessidade de entrar no mercado de trabalho/desemprego/baixos salários;
A falta de interesse pela escola/desmotivação;
Baixa auto-estima;
Dificuldades de aprendizado;
Doenças crônicas/gravidez precoce;
Dificuldades de locomoção/transporte;
Falta de incentivo dos familiares;
Mudanças de endereço;
Dificuldade para encontrar apoio nas divisões das tarefas domésticas.

Neste trabalho desenvolveremos um estudo sobre as possíveis causas da evasão escolar, e o que leva o aluno a desistir da escola. O texto mostrará o que podemos fazer para combater a evasão com a contribuição da psicopedagogia institucional em parceria com as oficinas psicopedagógicas no processo de ensinar e de aprender, pois as condições das instituições muitas vezes não superam as expectativas de nossos alunos evadidos.

Nesse sentido, este trabalho justifica-se pela importância da intervenção psicopedagógica, apontando direções que encaminhem para soluções de problemas, que neste caso é a evasão escolar.

DESENVOLVIMENTO

1. A psicopedagogia e o trabalho do psicopedagogo

Iniciaremos a nossa discussão abordando o conceito sobre psicopedagogia sob a definição de Laura Barbosa (1998) que afirma que
embora a psicopedagogia possua em seu nome os termos psicopedagogia e pedagogia, seu significado não está relacionado à junção destas disciplinas, mas está ligado a todas as disciplinas que estudam o processo de aprendizagem. A psicopedagogia, sem pretender ser a solução de todos os problemas, surge como uma área que busca integrar várias disciplinas, com o objetivo de construir um corpo teórico que embase uma atuação eficaz, sem que se divida o sujeito da aprendizagem em vários compartimentos. O caráter interdisciplinar da psicopedagogia coloca-a como um campo que teoriza contemporaneamente sobre a questão da aprendizagem, efetivando sua prática na relação de aprendizagem e saberes múltiplos. Não se fundamenta em bagagens conteúdistas, mas sim em saberes significativos, configurando uma relação positiva com a aquisição de conhecimentos.

Maria Aparecida Mamede Neves, citada por Bossa (2000) explica que a psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em consideração as realidades internas e externas da aprendizagem, tomadas em conjunto. A psicopedagogia procura estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade (aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhes estão implícitos).

Cabe, portanto, à psicopedagogia contribuir para a promoção da aprendizagem ou mesmo tratar dessas dificuldades, a qual cumpre uma importante função social: a de socializar os conhecimentos disponíveis.
Pensar a escola à luz da Psicopedagogia significa analisar um processo que inclui questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o ponto de vista de quem ensina e de quem aprende, abrangendo a participação da família e da sociedade.
O olhar do psicopedagogo e sua escuta devem estar voltados não só para o compromisso com a escola e com os seus elementos (no caso específico o professor e o aluno) mas que eles também devem incluir neste processo a família e a comunidade que também interferem na aprendizagem assim como estão também incluídos aqueles que decidem sobre as necessidades e prioridades da escola.
O campo de atuação do Psicopedagogo Institucional refere-se não só ao espaço físico onde se dá esse trabalho, mas especificamente ao espaço epistemológico que lhe cabe, ou seja, o lugar deste campo de atividade e o modo de abordar o seu objeto de estudo.
Algumas funções do psicopedagogo na escola são:
· a de assessoria: uma visão de articulador entre os elementos do sistema;
· a de apoio pedagógico: auxiliar o coordenador pedagógico na elaboração e nas estratégias didáticas, assim como dar assistência ao corpo docente orientando-o quanto às dificuldades encontradas pelo professor e pelos alunos nas modalidades de ensino e aprendizagem em sala de aula.

1. 1. A psicopedagogia institucional no âmbito escolar abordando a questão da evasão escolar

Para tratar a questão da evasão escolar em que este trabalho se debruça, faz-se necessário definir que tipo de atuação e de identidade apresenta a psicopedagogia e qual a modalidade de ação que ela deve apresentar no interior da escola, como um serviço tipicamente escolar. Adotamos a abordagem psicopedagógica sistêmica, a qual compreende uma perspectiva contemporânea que, conforme Gasparian (1997), acompanha o mundo em sua trajetória: da estabilidade, para a instabilidade; do simples para o complexo; do mundo estável para o mundo do processo; da consideração tanto do aprender como processo, quanto do processo de construção de conhecimento, como ações conjuntas que não se detêm somente ao ensinar. A aprendizagem, nessa perspectiva, é considerada uma ação que perpassa questões objetivas e subjetivas que se
articulam com o significado do que se quer conhecer, conectado aos vínculos internos e externos na relação com o conhecimento.

O psicopedagogo, então, se preocupa e se ocupa das relações entre os que ensinam e aprendem e como se dá esse processo de ensino-aprendizagem. O psicopedagogo trata do ser em desenvolvimento, o qual vivencia relações consigo mesmo, com o mundo que o rodeia e com diversos objetos de estudo, aprendendo na construção do seu próprio conhecimento. Isto significa dar conta dos processos de aprendizagem docentes e discentes, dos seus medos, preconceitos, dificuldades e facilidades que, articulados no conjunto, configuram a identidade de todo o grupo escolar.

Através das entrevistas com os discentes realizadas na escola em estudo, verificamos que o aluno da Eja apresenta um conjunto de características muito peculiar que envolve o retorno à escola como sendo a via possível para se alcançar postos mais elevados no mercado de trabalho, um lugar nesse mesmo mercado, ou, ainda, para as mulheres – donas de casa, em específico - uma oportunidade de vivenciarem uma atividade produtiva diferente das realizadas no interior do próprio lar. Em geral, esse aluno chega à escola com grande receio de não conseguir cumprir com as exigências institucionais e, ao mesmo tempo, apresenta uma visão de escola completamente atrelada à perspectiva empirista de educação. Isto o leva a refutar quaisquer propostas de ensino que sejam distintas do conhecido e ‘clássico’ modelo de uma aula transmitida via quadro de giz, com pouco diálogo, muita cópia e repleta de exercícios repetitivos para que o aluno execute, mesmo considerando que não tenha muita motivação para acompanhar o trabalho, pois acha sem atrativo algum para ele. Essa é a forma que conhecem para que a escola seja uma escola.

Em contra-partida, o professor da Eja também apresenta um perfil de grande descontentamento com a educação, onde encontramos uma citação para esse evento na definição de França (1997) que utilizou o termo burnout para explicar o esgotamento docente
Os sintomas incluem um alto índice de absentismo, falta de compromisso, um desejo anormal de férias, baixa autoestima, uma incapacidade de levar a escola a sério - os problemas do professor separam-no cada vez mais de seus aluno).


Em conversas informais, entrevistas e em algumas reuniões realizadas com o corpo docente, registramos um alto índice de descontentamento no trabalho através das queixas relatadas que vão ao encontro das citadas acima por França (1997) com o termo burnout, pois muitos professores se sentem desvalorizados, acusados do fracasso escolar dos alunos e do insucesso da instituição. Isto porque é evidente o número de discentes que se evadem ao longo do ano letivo, desistindo de levar a cabo a sua intenção de retornar e concluir a educação básica. Desse modo, evidencia-se o quanto a escola, composta por professores, alunos e funcionários, representa uma instituição problemática, no âmbito da sua dinâmica relacional, do modo como trata os atores do seu enredo. A maior parte dos professores estão desestimulados, desprovidos de sentido no exercício da sua profissão, muitos em busca de outras funções, outros contando os dias para se aposentarem, outros ainda arrependidos por terem seguido este caminho e já não conseguem buscar outra atividade por vários motivos (idade, família, já trabalham muito e há anos na carreira, sem objetivo para iniciar outro estudo em outra área, etc).

A Direção da escola e os responsáveis pelo departamento pedagógico enfrentam os mesmos problemas porque fazem parte do mesmo quadro de professores e se sentem impotentes por não terem os recursos necessários para agir de forma mais ativa. Estão sempre envolvidos em questões burocráticas, sempre tentando cumprir prazos muito curtos, os professores trabalham em diversas escolas dificultando o encontro para reuniões, cumprir o horário em sala de aula, sem ter quem possa substituir para que se tenha um espaço maior de preparação do professor para refletir e projetar novas ações para a educação.

Para Chiavenato (2002),

burnout é uma síndrome do trabalho, que se origina da discrepância da percepção individual entre esforço e conseqüência, percepção esta influenciada por fatores individuais, organizacionais e sociais.

O Burnout está associado entre o que o profissional dá, ou seja, tudo aquilo que investe no trabalho, e o que ele recebe, isto é, reconhecimento de seus supervisores, de sua equipe de trabalho, da sociedade. Muitas vezes, o docente dá tudo de si e não é valorizado, fazendo com que fique frustrado, tendo a sensação de inutilidade para com o trabalho, sentindo-se desmotivado, sem objetivo e muito cansado.

Nesse aspecto, a escola acaba por se tornar num espaço de mal-estar. Mal-estar discente, mal-estar docente e gestores, o que compromete o processo ensino-aprendizagem no espaço escolar destacando, nesse caso, a Eja.

Observando estas questões que se apresentam nesta escola,

Temos que tomar cuidado para não assumir a parte ‘doentia’ da instituição, tornando-nos um depositário de queixas e lamentações sem poder resolver de modo eficaz o problema colocado, fazendo-nos sentir impotentes e incompetentes. Se a instituição tem essa tendência, devemos fazer com que cada elemento assuma a sua parte . (Gasparían, 1997).


2. A importância do uso das oficinas psicopedagógicas no âmbito escolar como estratégia de trabalho para a construção do conhecimento e enfrentamento das barreiras com relação à evasão escolar.

2.1. A problemática da Instituição
Verificamos então, que o motivo ou o obstáculo que a Instituição J. P. A., no município de Rodrigues de Freitas enfrenta é de caráter funcional na modalidade de Educação de Jovens e Adultos / EJA. É a relação dos alunos, professores e gestores com a própria escola, onde ambos não se sentem valorizados, estimulados, reconhecidos, caracterizando uma falta de interesse pela escola e um grande grau de exigência de participação de todos .
Os alunos marcados pelos aspectos da insegurança, descrença e pelo medo de fracassos consecutivos não acreditando no potencial da sua capacidade de aprender; os professores, em geral, acreditam ser julgados como os grandes responsáveis pela evasão na Eja, pela reprovação, pela falta de interesse dos alunos, sentindo-se incompetentes na sua tarefa de ensinar; os gestores sem conseguir organizar planos de ação que envolvam todos os segmentos da escola que principalmente atenda a modalidade Eja.


2.2. Estratégias de atuação na instituição

A perspectiva criada a partir dessa proposta com Oficinas Psicopedagógicas deve estar voltada para a redescoberta, para a criação e recriação, para a construção, permanente, de outros caminhos para conviver em processos de ensinagem, pois nossas interações devem contribuir para a melhoria das condições próprias ao aprender, considerando que a compreensão para as distintas particularidades que nos fazem humanos seja tarefa consciente e exercício contínuo.

Utilizar-se das oficinas psicopedagógicas como aliada à intervenção institucional faz com que se possa conhecer o sujeito, sua relação consigo mesmo, com os outros e com o conhecimento, o que pode auxiliar na compreensão de suas dificuldades.

Nessa escola, com a queixa apresentada, a realização da oficina psicopedagógica se faz com o corpo docente e equipe diretiva/pedagógica, conforme instrui Grassi (2008) dizendo que permite a análise de diversos fatores e a observação de uma série de aspectos necessários ao diagnóstico psicopedagógico. Assim, a possibilidade da superação das dificuldades torna-se mais próxima, melhora as relações interpessoais, promove a elaboração e a organização de sentimentos e pensamentos, aumenta a auto-estima e facilita o autoconhecimento permitindo a tomada de consciência de suas possibilidades e limites.

No caso específico dessa escola, escolhemos trabalhar diretamente com os professores e gestores, dando-lhes suporte para que pudessem trabalhar posteriormente com os alunos da Eja.

A intervenção psicopedagógica nessa escola se dá com o apoio do psicopedagogo que tem como função auxiliar o coordenador pedagógico na elaboração e nas estratégias didáticas, assim como dar assistência ao corpo docente orientando-o quanto às dificuldades encontradas pelo próprio professor e pelos alunos no processo de ensino e aprendizagem em sala de aula.

Trabalharemos com a proposta de Oficina Psicopedagógica de Grassi (2008) que apresenta quatro passos a serem seguidos:

1- Sensibilização – estabelecimento de vínculos.
2- Desenvolvimento – construções psicopedagógicas; jogos; dinâmicas de grupo.
3- Fechamento – elaboração da experiência; reflexão.
4- Avaliação – avaliando as vivências: oralmente, escrita ou simbólica; análise crítica.


2.3. A oficina psicopedagógica

O Livro dos Sonhos
(Objetivo: Aumentar a auto-estima)

1. Sensibilização: Na sala da biblioteca, que é um lugar aconchegante da escola, os professores e gestores serão recepcionados ouvindo uma música da cantora e compositora Leci Brandão “Anjos da Guarda” que fala sobre a valorização do professor e da educação e que poderão acompanhar a letra da música pelo telão. Os professores se acomodarão em círculo, e todos poderão cantar/acompanhar a música em conjunto. Após, a psicopedagoga se apresentará e colocará o objetivo da oficina e solicitará que os participantes se apresentem e exponham se já conheciam a música e o que sentiram ao ouvi-la.
2. Desenvolvimento: Dinâmica de grupo “O livro dos sonhos”
Os professores e gestores receberão tarjetas com cores variadas, porém as cores se repetirão (o grupo não poderá fazer a distinção entre professores e gestores, todos farão parte do mesmo grande grupo para receber as tarjetas aleatoriamente). Os professores e gestores que receberem as mesmas cores, formarão grupos com as respectivas cores. Cada grupo receberá o material necessário (revistas, tesouras, colas, etc) e cada um dentro do grupo escolherá figuras que simbolizem os seus sonhos (não precisa ser apenas material/bens de consumo). As figuras representarão sonhos e desejos a serem realizados, que foram esquecidos, foram abandonados (viagens, amores, estudos, realizações diversas). Cada componente do grupo montará o seu cartaz numa folha de ofício. Cada grupo colará sua folha uma na outra. Depois, cada grupo apresentará para o grande grupo quais são os seus sonhos. Após todos os grupos terminarem a apresentação, todas as folhas serão coladas e serão dobradas como uma sanfona, formando um livro.
3. Fechamento: Momentos de reflexão – aquele livro representa os sonhos de todos os que trabalham naquela escola, onde todos os participantes tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais cada colega e compartilhar dos seus anseios. Reavivar os sentimentos e emoções, resgatar o coleguismo com um tempo que foi separado para conhecer um pouco mais o outro, motivar realizações, pensar em si e no outro. Nesse momento, os professores deverão expor seus sentimentos e terão oportunidade de expor sobre suas expectativas quanto a escola.
4. Avaliação: No momento final da oficina, os professores farão uma análise crítica sobre as etapas do processo, os pontos negativos e positivos, seus sentimentos, pensamentos e ações. Sugerir mudanças, o que esperam que seja trabalhado na próxima oficina.

3. Considerações Finais

Este trabalho propôs uma discussão dentro da Instituição J. P. A. no município de Rodrigues de Freitas, que atende a modalidade de Educação de Jovens e Adultos / EJA sobre quais as possíveis causas da evasão escolar.
A partir de uma atuação do psicopedagogo dentro da instituição, detectou-se uma falha na área funcional onde todos os envolvidos não conseguiam ter um comprometimento com a escola devido a diversos fatores, como: a relação dos alunos, professores e gestores com a própria escola, onde ambos não se sentiam valorizados, estimulados, reconhecidos, caracterizando uma falta de interesse pela escola e um grande grau de exigência de participação de todos.
Com isso, a intervenção psicopedagógica através da figura do psicopedagogo foi fundamental para levar a instituição a repensar sobre a sua atuação e resgatar o seu aluno para dentro da escola. O trabalho inciou-se com os professores e gestores, utilizando-se a oficina psicopedagógica como parceira da psicopedagogia institucional no processo de ensinar e aprender, levando o professor a resgatar seus próprios sonhos e refletir sobre a valorização da sua profissão. Com base nesse trabalho inicial, foram realizadas outras oficinas psicopedagógicas com os professores e gestores, inclusive algumas com o objetivo de instrumentalizar os agentes da educação para atuar diretamente em sala de aula com os seus alunos da Eja, pois os mesmos também necessitam de um resgate da sua identidade sócio-cultural, aumentando-lhes a auto-estima.
Podemos considerar que a psicopedagogia institucional e as oficinas psicopedagógicas podem formar uma parceria possível para o processo de ensinar e aprender, corroborando para a atuação psicopedagógica estabelecendo relações de interação entre educadores e educandos, onde o psicopedagogo também assume o papel de educador como facilitador do fortalecimento do processo de aprendizagem no interior da instituição.
Retornando à instituição dois mês após a intervenção, para acompanhamento, constatou-se que o número de alunos havia aumentado em 2% e não houve nenhuma desistência.
A coordenadora pedagógica da escola, alegremente relatou que os professores montaram um projeto que envolvia a bibliotecária que tinha um sonho de fazer o momento de “contação de histórias” usando o espaço da biblioteca. Essa professora nunca teve a oportunidade de expor seu desejo desde o dia da oficina psicopedagógica realizada com o psicopedagogo e nem a escola acreditava que os adultos poderiam se interessar por esse assunto, pois é costume se trabalhar com contação de histórias com crianças. Após o trabalho feito com o psicopedagogo, os professores seguiram realizando os seus encontros e propuseram aos alunos momentos mais agradáveis de aprendizagem, de forma interdisciplinar, onde todos puderam se engajar em atividades que estimulassem os alunos. Os professores e os alunos se sentiam mais importantes no processo, tendo a oportunidade de criar, recriar, aprender e ensinar, pois todos passaram a produzir obtendo melhores resultados nos seus saberes e fazeres.
Com o resultado deste projeto, os alunos se mantiveram na escola e o mais interessante, convenceram outros a se matricularem.
Portanto, entendemos que a atuação psicopedagógica deva ser embasada na funcionalidade científica, pautada na orientação ética e de um esforço para a integração da ação educativa.
REFERÊNCIAS

BARBOSA, L. M. S. Projeto de trabalho: uma forma de atuação psicopedagógica. Curitiba: Mont, 1998.
BOSSA, N. A. A psicopedagia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2 ed.rev. e atual. Porto Alegre: Artmed, 2000.
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
FRANÇA, A. C. L. & RODRIGUES, A. L. Stress e trabalho: guia prático com abordagem psicossomática. São Paulo: Atlas, 1997.
GASPARIAN, M. C. C. Psicopedagogia institucional sistêmica: contribuições do modelo relacional. São Paulo: Lemos, 1997.
GRASSI, Tânia Mara. Oficinas psicopedagógicas. Curitiba: Ibpex, 2008.

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